adventos Cristicos

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Quando Clara de Assis Orava do seu rosto saia uma Luz que encandeava as outras Clarissas


Irmã Clara de Assis e as Senhoras Pobres

Irmã Clara de Assis e as Senhoras Pobres

Por: José Capinha

Temas:
1 – Introdução
2 - Quando queria uma coisa, era porque queria.
3 – A saída de Casa.
4 – A Perseguição da Família.
5 – A Converssão da Família de Clara
6 - As Senhoras Pobres e a Pobreza
7 – Clara pede o “Privilégio da Pobreza".
8 - Francisco e Clara, Amizade de Santos
9 – Francisco visitou Clara em São Damião pela última vez.
10 - Clara de Assis, mãe e adoradora
11 – Clara Orou com grande fervor que afastou os assaltantes.
12 – O Papa Inocêncio IV e a absolvição com o Perdão dos Pecados.
13 – A Morte de Clara

1 – Introdução
O estilo de vida de Francisco não poderia ser privilégio dos homens. Muitas mulhe¬res escutavam a sua pregação, observavam seu estilo de viver o Evangelho e tam¬bém queriam essa oportunidade. Uma delas foi Clara.

Clara nasceu em 1193 em Assis, filha de Ortolana di Fiumi e Faverone Offreduccio. Recebera da mãe uma sólida religiosidade e do pai a força de carácter. Tinha mais três irmãs e um irmão. A caçula era Inês. Francisco conhecia Clara de vista, pois em Assis todos se conheciam. Admirava nela os longos cabelos dourados e seus olhos decididos.

2 - Quando queria uma coisa, era porque queria.
Aos 18 anos, Clara ouviu Francisco pregar os Sermões da Quaresma na Igreja de São Jorge, em Assis. As palavras dele inflamaram tanto o seu coração, que o procurou em segredo, pois também ela desejava viver "segundo a maneira do santo Evangelho".
Francisco falou-lhe sobre o desprezo do Mundo e o Amor de Deus, e fortaleceu-¬lhe o desejo de abandonar tudo por Amor a Cristo.
Encerrou a conversa di¬zendo: "Quero contar-te um segredo, Cla¬ra: desposei a Senhora Pobreza e quero ser-lhe fiel para sempre".
Clara respondeu que "queria viver a mesma vida, a mesma oração e sobretudo a mesma pobreza".

Acompanhada de Bona di Guelfuccio, amiga íntima, passou a frequentar a Capela da Porciúncula, para escutar Francisco. Estava decidida a viver o Evangelho ao pé da letra. Mas, como sair de casa? Francisco e os irmãos ensinaram-lhe o modo.

3 – A saída de Casa.
O dia 18/19 de março de 1212 era Domingo de Ramos. Rica e belamente vestida, Cla¬ra participou da Missa da ma¬nhã.
Não havia meio de sair desapercebida da casa de seus pais, mas encontrou a única sa¬ída possível pela Porta de trás do palacete: a saída dos mor¬tos. Toda casa Medieval tinha esta saída, por onde passava o caixão dos defuntos.
À noite, quando todos dormiam, a nobre jovem Clara de Favarone fugiu de casa por esse buraco, percorrendo uma milha fora da cidade, até chegar à Porciúncula, onde foi re¬cebida com muita festa pelos Irmãos Franciscanos, que ti¬nham ido ao seu encontro com tochas acesas e a acompanharam até à Porta da Igreja.
Ali se desfez das vestes elegantes e São Francisco, com uma grande tesoura, cortou-lhe os cabelos, causando-lhe dó cortar tão maravilhosa cabeleira. Em seguida, deu-lhe o hábito da penitência: uma túnica de aniagem amarrada em volta por uma corda e um par de taman¬cos de madeira. Clara se consagrou pelos três votos: pobreza, obediência e castidade.

4 – A Perseguição da Família.
Os familiares, enfurecidos, foram procurá-la. Entrando na Capela, viram Clara agarrada ao pé do Altar. Puxaram-na com tanta força que arrancaram o véu, percebendo então a cabeça raspada. Concluíram que nada mais poderiam fazer. Não conseguiriam fazê-la mudar de idéias.
Como Francisco não tinha convento para freiras, irmã Clara ficou alguns dias no Mosteiro de São Paulo e algumas semanas no Mosteiro Beneditino de Panzo. Por fim, recolheu-se a São Damião, numa casa pobre contígua à Capela, onde ficou até sua morte em 1253.

5 – A Converssão da Família de Clara
Seguiu-a na vocação a irmã Inês, 16 dias depois, e mais tarde sua irmã Beatriz e a mãe Ortolana. A obra tornou-se conhecida e diversas mulheres e jovens vieram fazer-Ihe companhia. Ficaram conhecidas como as Senhoras Pobres, ou Irmãs Clarissas. Mais tarde podíamos encontrar Mosteiros em diversas localidades da Itália, França, Alemanha. Inês, filha do Rei da Boémia, também fundou um Convento em Praga, e ela mesma tomou o hábito.

6 - As Senhoras Pobres e a Pobreza
Clara e sua comunidade praticavam austeridades desconhecidas entre as mulhe¬res da época: não usavam meias, sapatos, ou qualquer outra protecção para os pés.
Dormiam no chão: a cama era um monte de baraços de videira e o travesseiro uma acha de lenha.
Observavam a abstinência completa de carnes, e falavam apenas quando obrigadas pela necessidade e pela caridade.
Clara aconselhava o silêncio como meio de evitar os pecados da língua e de conservar a mente sempre concentrada em Deus.
Jejuava tanto que Francisco teve de obrigá-la a não passar um dia sequer sem comer ao menos um pedaço de pão.
Clara mesmo percebeu seu exagero e mais tarde escreveu para Inês da Boémia: "Nossos corpos não são feitos de bronze e nossas forças não são iguais à da pedra; por isso vos imploro, no Senhor, que vos abstenhais desse rigor excessivo da abstinência que praticais"
Como Francisco, Clara não aceitava qualquer propriedade. Quando o Papa Gregório IX lhe ofereceu uma renda, Clara protestou veementemente, dizendo: "Eu preciso ser absolvida dos meus pecados, mas não desejo ser absolvida da obrigação de seguir a Jesus Cristo".

7 – Clara pede o “Privilégio da Pobreza".
Em 1228, o Papa lhe concedeu o "Privilégio da Pobreza".
Tinha sido um pedido insistente de Clara. Na Cúria Romana, onde se pediam privilégios de títulos, propriedades, honrarias, causou até espanto alguém pedindo o "privilégio de ser pobre".
Clara e Francisco conheciam a Alma do Mundo e sabiam que qualquer excepção à regra da pobreza desencadearia a sua ne¬gação.
Francisco o exemplificou com o caso do livro que um frade queria ter: primeiro se quer um livro, depois mais livros, depois uma estante, vem uma biblioteca, segue-se uma casa para guardá-la e, adeus pobreza evangélica.
Mais tarde, em 1247, o Papa Inocêncio IV queria impor às Senhoras Pobres uma Re¬gra que de certo modo permitisse a proprie¬dade comum. Preocupada, Clara mesma re¬digiu uma Regra, lembrada de tudo o que vira e aprendera com Francisco.
E pede, por Amor de Deus, que concedam ao Convento de São Damião o "Privilégio da Pobreza".
Esta Re¬gra foi aprovada dois dias antes de sua mor¬te, valendo o privilégio para São Damião. Para os outros conventos, permitiu-se uma espécie de propriedade comum .

8 - Francisco e Clara, Amizade de Santos
A obra de Clara estava sempre no coração de Francisco. Muitas vezes ele enviou doentes e enfermos que ela conseguia curar à força de delicados cuidados.
Ape¬sar da sua humildade, Francisco era obrigado a reconhecer a grande admiração que Clara e as outras irmãs tinham por ele. Era uma admiração Espiritual, mas também Humana.
Para evitar qualquer tipo de dependência e para deixá-las totalmente livres dele, passou a visitá-las cada vez mais raramente. As irmãs sofriam a sua ausência e alguns frades acharam que isso era falta de Caridade, mas Francisco disse que a finalidade da ausên¬cia era "no futuro não haver nenhum intermediário entre Cristo e as Irmãs".
Após longa ausência e depois de muitos pedidos das irmãs, um dia Francisco aceitou ir pregar em São Damião. Entrou na Igreja e ficou um momento de pé, rezando de olhos levan¬tados para o Céu. Depois pediu um pouco de cinza. Com ela desenhou um círculo à sua volta e o resto passou na cabeça. E então rompeu o silêncio, não para pregar, mas para rezar o Salmo da Penitência (SI 50). Depois foi embora, feliz por ter ensinado à Clara e às Irmãs que nada mais podiam ver nele do que um pecador que fazia penitência.

9 – Francisco visitou Clara em São Damião pela última vez.
Em Março de 1225, já muito doente, Francisco visitou Clara em São Damião e manifestou o desejo de ali permanecer, mas a doença exigia tratamentos noutros lugares. Foi ali, so¬frendo terrivelmente com a doença e o barulho dos ratos que lhe impediam o sono, que explo¬diu num hino de alegria ao Criador, o "Cântico do Irmão Sol". Foi nos jardins de Clara, e pela última vez, que os dois conversaram. No ano seguinte morreu o Pai Francisco e Clara viveu mais 27 anos na Paz e na Saudade de Francisco.

10 - Clara de Assis, mãe e adoradora
A si própria Clara gostava de se denominar "uma plantinha do bem-aventurado pai Francisco".
Ela nunca deixou os muros do Convento de São Damião. Designada abadessa (superiora) por Francisco, em 1215, Clara dirigiu o Convento durante 40 anos.
Sempre quis ser serva das servas, submissa a todas e beijando os pés das irmãs leigas quando regressavam do trabalho de esmolar, servindo à mesa, assistindo aos que estivessem doentes. Enquanto as irmãs descansavam, ela ficava em Oração e as cobria, caso as cobertas lhes caíssem. Saía da Ora¬ção com o semblante tão iluminado que chegava a ofuscar a vista das que a olhavam. Falava com tan¬to fervor que chegava a inflamar os que mal ouvi¬am sua voz.
11 – Clara Orou com grande fervor que afastou os assaltantes.
A exemplo de Fran¬cisco, nutria fervorosa de¬voção ao Santíssimo Sa¬cramento. Mesmo quando estava doente e acamada (esteve sempre doente nos últimos 27 anos de vida), ficava confeccio¬nando belos corporais e toalhas para o serviço do altar, que depois distribuía pelas Igrejas de Assis.
A força e a eficácia poderosa de sua Oração pode ser sentida em 1244, quando o Imperador Frederico II atacou o vale de Espoleto, tendo a seu serviço um exército de Sarracenos. Lançaram¬-se ao saque de Assis, e como São Damião ficava fora dos muros, resolveram começar por ali. Embora muito doente, Clara fez colocar o Santíssimo num ostensório, bem à vista do inimigo. E Clara Orou com grande fervor, pedindo a Cristo que salvasse suas irmãs do saque e do estupro.
Em seguida, Orou pela cidade de Assis. No mesmo instante, o terror se apoderou dos assaltan¬tes, que fugiram em debandada.

12 – O Papa Inocêncio IV e a absolvição com o Perdão dos Pecados.
Clara suportou os longos anos de enfermidade com sublime paciência. Em 1253, teve, início uma longa e interminável agonia. O Papa Inocêncio IV deu-lhe duas vezes a absolvição com o Perdão dos pecados, e comentou: "Queira Deus que eu necessi¬tasse de Perdão tão pouco assim"'.
Doente e Pobre, as mais altas autoridades da Igreja sentiam a sua Sabedoria e Santidade e vinham aconselhar-se com ela em São Damião.
Durante os últimos 17 dias não conseguiu ingerir nenhum alimento.
A Fé e a Devoção do Povo aumentavam cada vez mais.

13 – A Morte de Clara
Diariamente Cardeais e Prelados chegavam para visitá-la, pois todos tinham certeza de que era uma Santa que estava para morrer.
Irmã Inês, sua irmã, estava presente, bem como os três companheiros de Francisco, os Freis Leão, Ângelo e Junípero.
Vendo que a vida de Clara estava chegando ao fim, emocionados, leram a Paixão de Jesus segundo João, como tinham feito 27 anos antes, na morte de Francisco. Clara consolou e abençoou suas Filhas Espirituais.
E, para si, disse: "Caminha sem receio, pois tens um bom guia. Ó Senhor, eu vos agradeço e bendigo pela graça que vos dignastes conceder-me de poder viver".
Dois anos após a sua morte, em 1255, o papa Alexandre IV canonizou-a em Anagni.

2011-08-12 José Capinha